domingo, 15 de maio de 2011

Sobre a compania e minha mudança de fazenda

Vou explicar aqui como é mais ou menos o esquema da empresa onde trabalho. A Compania chama-se van Diemen’s é dona de 24 fazendas, todas lado-a-lado...ou seja, ela é dona de toda a parte Noroeste da Tasmânia, chamada Woolnorth. Essas 12 fazendas são gerenciadas por 5 pessoas, e o meu patrão, que é uma dessas pessoas, é responsável por duas destas: a Cygnet e a Pinegrove. Cada uma destas fazendas tem aproximadamente 1000 vacas e 12000 litros de leites diários em média cada. Veja o que o Wikipédia fala sobre ela:


“A Van Diemen's Land Company foi criada em 1824, recebeu um Decreto Real em 1825 [1] e foi concedida 250.000 acres (1.000 km²) no noroeste da Tasmânia em 1826. A companhia era um grupo de mercantes de Londres que planejavam entrar para o ramo de cultivo de lã a fim de suprimir as necessidades da indústria têxtil britânica. A companhia estabeleceu seu quartel general em Circular Head, e ainda mantém grande parte da terra original concedida e acredita-se que seja a última companhia por decreto ainda operando.”

Então, eu sempre trabalhei da mesma fazenda que a Renata, que é a Cygnet. Já estava acostumado com as coisas e o meu chefe de um dia para o outro me colocou na Pinegrove, que fica á dois quilômetros da Cygnet. Ele acha que vai ser melhor para o aprendizado se nós dois ficarmos separados por mais tempo. E realmente tem sido.

A Pinegrove é muitas vezes melhor que a Cygnet, em diversos aspectos, principalmente em infra-estrutura. Parece até que ela é o projeto principal da Van Diemen’s e a Cygnet foi feito com o que sobrou de terra e dinheiro. Mas na verdade, eu descobri por que. Ambas propriedades, no seu atual formato, tem bastante  tempo (acho que 15 anos), mas a Pinegrove teve que refazer TUDO há um ano atrás por causa da ferrugem. Ela fica bem próxima do mar (tem piquete que termina na água, isso é muito estranho para nós), a água que usamos é salobra e já está tudo enferrujando de novo, mesmo assim, é tudo mais moderno.

Trabalham lá a Missy (nova - zelândia), Sebastian e Aurelieum (França), Mark (Holanda) e eu. Além do Paul, que fica lá direto, e isso é um saco porque ele parece um soldado. Nesses últimos três dias ele esteve em Melbourne a pedido da empresa e tudo foi mais tranqüilo e relax. Mesmo assim, lá é bem melhor de trabalhar do que a Cygnet. A Missy disse que as propriedades leiteiras da nova – Zelândia são idênticas ás daqui, então, acabamos fazendo um bom negócio, pois esse país tem bem mais coisas para se conhecer além de fazendas de corte referência para se trabalhar. Então, para almoçar eu pego a moto e venho pra casa ou o Paul me traz. Ainda não temos fotos das coisas aqui (porque dá preguiça de ir lá na folga) mas em breve ás teremos.

Estamos trabalhando menos agora pois cada vez mais vacas entram no Main Herd (rebanho principal – vulgo “no leite” – hoje foram 707, mas esse número aumenta todo dia). Não sei se isso é bom ou ruim, pois recebemos por hora trabalhada. Ir pra casa é bom, mas quando somo as horas que trabalhei no dia e vejo que foram poucas, aí é ruim. Além desse grupo no leite, temos por ordem: Colostrum Cows (o nome já diz tudo), Red Cows (vacas em tratamento – basicamente mastite e laminite), Springers (Vacas cheias ou grávidas) e Dry Cows (Vacas secas). O sistema aqui é muito prático e parece que nada dá errado. Mas também, acho que eles não com o que se preocupar: desde que cheguei aqui, não vi um carrapato sequer, não vi uma planta invasora, não vi um morro na propriedade. Parece que não há desafios. Não estou tão aprofundado a ponto de dizer se não há ou se já foram vencidos, mas esse é o quadro. E as vacas não recebem nenhum tratamento individual ou especial, simplesmente são postas nos grupos e manejadas entre eles. Pra vc ver, tem vaca que o casco parece o sapato de duende do papai Noel. E seleção? Acho que eles nem sabem o que é isso por aqui ou só fazem para produção e ignoram o tipo. O único tratamento individual que uma vaca recebe é quando está deitada sem conseguir se levantar, então, aplica-se um soro mineral que quase sempre resolve, se não, o Marck vem com o trator e tenta e se não, o soldado Paul vem com uma sniper e resolve - Dead Hole pra ela (depois explico melhor isso, assim como os partos difíceis).  

As vacas com mastite são ínfimas, com relação ao tamanho do rebanho. De olho posso chutar aí uns 1 ou 2%, não sei. Isso sem ter uma ordenha chamada higiênica. A mastite é tratada com Orbelic e estas vacas estão no Red Cows. Uma doença que volta e meia mata uma vaca, é a Joannes (ou alguma coisa assim) que segundo o deus Google, é simplesmente a paratuberculose.

Para as vacas saírem das Springers e irem para o Colostrum Cows e depois Main Herd corretamente, o Paul inventou um sistema interessante: Fitas coloridas. As vacas entram na plataforma, avaliamos as vulvas e assim sabemos as que pariram nas últimas 24 horas. Então, uma fita (igual à fita isolante) da cor do dia é envolta na cauda da vaca. Na saída da plataforma é feito o Drafting, que nada mais é do que a separação das vacas que estão com fita, e essas vão para o Colostrum Cows. Desta forma, todas as vacas do Colostrum Cows têm fitas coloridas na cauda e assim sabemos o dia que ela pariu pela cor e fica tudo fácil. Tudo também é registrado no computador com um programa específico (bem útil por sinal).

Outra coisa que gosto daqui é que se qualquer coisa enguiçar, em 5 minutos ou menos, alguém especializado naquela coisa chega numa caminhonete maneira e conserta. O mesmo vale para o veterinário.

Bem, já se foram os quinze minutos escrevendo que eu prometi. Vou ver algum filme de depois dormir que amanhã é folga. Valheeeeeeeeu. Beijos e abraços.

Allan      



Feno Protegido 







My Bróda from anóda móda











Aqui na Tasmânia tem muitas, mas muitas fazendas leiteiras e todas elas são assim, TODAS. Às vezes muda as cores. Essa é a Cygnet. Silos graneleiros e sala de ordenha. 

Um comentário:

  1. Ih...
    Que bom que você achou bom para o aprendizado!
    You Will speak less Portuguese.
    kkkkk
    Gastei meu CNA agora heiN!
    Abraços!

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