Bali dia 3: pacote 1

       Começou cedo, pois o carro da agência dos pacotes que agendamos veio nos buscar ás 8:30 da manhã.  Até antes do horário mesmo, estávamos no saguão e depois do café, um rapazinho com a saia e o chapéuzinho característico daqui  veio perguntar se éramos nós os do passeio. Então conhecemos ele que era o guia, Aria e Coman, o motorista. Só eu e Renata  numa van quadrada e bastante confortável, que tem aos montes por aqui, todos para carregar turístas em passeios.

       Eu não sabia muito bem para onde iríamos e também não queria saber, e isso foi muito bom porque a cada destino que chegávamos, era uma surpresa agradável pra mim. Como a Renata resolveu tudo, eu só esperei pra ver. Hehehe... E depois de uns 10 minutos de viagem já estávamos na primeira parada: a Dança Barong em Batubulan Village (ou Vila Babutulan)

       Como eu disse antes, pelo menos eu acho que disse, eu e Renata escolhemos esse destino por causa das praias, porque no Brasil, Bali é muito famosa por isso, e se deve muito porque é destino de surfistas e muitos deles brasileiros. Os Australianos escolhem a ilha para fazer compras porque é muito barato comprar em Bali quando se ganha em Dólar Australiano. Eu nunca imaginava a riqueza cultural e religiosa que esse povo carrega, e até sentar minha bunda gorda pra ver essa dança/peça/ritual eu não sabia bulhufas do que se tratava ou no que estaria a acontecer.

         Era tipo um teatro, bem grande mas o cenário era fixo: um portal balinense que se vê em entradas de templos, casas e até de praias, e ao lado um espaço para a orquestra, toda com instrumentos típicos bem bonitos e peculiares. A gente recebe um roteiro com todos os atos e daí fica fácil e legal de acompanhar. A história toda gira em torno da eterna luta  entre o BEM, representado pelo espírito Barong e o MAL, representado pelo espírito Rangda. Tudo começa com uma encenação de um tigre que é o Barong e um Macaco, seu amigo. Daí vai se desenrolando em partes dramáticas, tensas, de aventura e de comédia, com uns anões. Muita gente se trasnformando, bonecos, roupas e encenações iradas. E de vez enquando, entrava duas moças fazendo a dança típica daqui: uma coisa muito esquisita e linda ao mesmo tempo, com movimentos de lagartixa... mas os pontos principais são as mãos e a expressão facial, principalmente os olhos. É de hipnotizar. A música vai tocando como se fossem uma combinação de sinos e ás vezes elas paravam e ficavam muito tempo, tipo que interpretando a música, só com os olhos e dedos. Cara, só vendo isso. 


        Mas no final, ninguém ganha. Os balinenses acreditam que o bem e o mal não existem sozinhos.. são dependetes um do outro e devem viver em harmonia. Também não acreditam que ninguém é bom ou mal, mas sim que a pessoa deixa-se expressar o espírito que é mais forte nela e ninguém deve ser julgado por isso, porque o mal também deve existir, mas de preferência guardado num cantinho esquecido do peito. E no final, os homens da peça que estão lutando contra o espírito mal, tipo que entram em transe e tentam enfiar facas no próprio peito em sinal de coragem e enfrentamento do espírito mal. Daí entra tipo um oráculo para “exorcizá-los” e eles ficam “libertos”. É realmente tudo muito lindo: a história, a música, a dança e as roupas. É de arrepiar...sério!!! Principalmente em ver o empenho e a seriedade que aquele povo leva isso. 

Até daria pra fazer uma postagem só sobre a dança, mas agente está com os dias muito corridos e as postagens atrasadas. 

DANÇA BARONG

        Depois de ver a dança a gente agora conseguia identificar os personagens e as cenas por todo os lados... nos templos, casas, restaurantes e por todo o comércio, além disso se vendem quadros, camisas e desenhos com esse tema. É a característica central da cultura balinense. Valeu muito a pena.

       De lá fomos num centro de pintura Butik em Tohpati Village(Vila Tohpati) que é uma pintura artesanal, dificílima e delicadíssima feita em tecidos. Quando você vê, parece uma canga, mas lá acompanhamos o processo e eles fazem desde a confecção do pano o final, com a pintura á mão. As artistas fazem as pinturas derrubando gotinhas de tinta ogânica quente, formando o desenho ponto por ponto, depois se passa em vários processos de coloração e um pano daquele demora, dependendo do desenho, em média 3 meses pra ficar pronto. Mas, era tudo muito caro, e realmente, pelo trabalho, valiam aquele preço, mas não para mim. Apesar de tudo, 800 reais é meio carinho numa canga... uahuahuahuahauh

        Depois fomos ver como eles fazem a famosa prata balinense em Celuk Village, o principal pico de produção e venda de jóias, em especial as de prata. Aqui, por onde se anda se vende prata... em toda esquina. E a caracteristica principal é a prata envelhecida, misturada com cobre, e montada sobre anéis e colares como num mosaico microscópico, geralmente bolinha por bolinha. Daí eu fui começando a perceber como o povo daqui tem veia artística. A ilha vive de arte. Arte sobre madeira, pedra, prata, tela.....Tudo rico em detalhes mínimos em peças que demoram eternidades para ficarem prontas.

           Depois fomos visitar nosso primeiro templo balinense sob uma verdadeira aula do nosso guia. Nisso valeu muito á pena fechar esse pacote... Ter uma pessoa entendida e exclusiva pra você fazer perguntas sobre essa cultura tão diferente, o dia inteiro, não tem preço. E o Aria é muito gente fina, explicava tudo com muita paciência (pois são tantos deuses, histórias e regras que não é fácil) e no final do dia se tornou um amigo nosso.

        Como nossos joelhos estávam á mostra, tivemos que usar um sarong pra entrar no templo. Só pra citar brevemente: as estátuas feias, ficam nas portas dos templos pra nos lembrar de deixar os problemas e coisas ruins ali, naquele ponto. Todas as estátuas da cidade (não são poucas.. .não mesmo) são vestidas com xadrez preto e branco ou com vermelho, dependendo de sua divindade que simbolizam o bem e o mal juntos. Os balineses (os 95% hindus) têm que ir aos templos 3 vezes ao dia para orar e fazer oferendas. Essas oderendas são feitas em cestinhas feitas de folha, com incenso, flores e alguma coisa de comer, tipo um arrozinho ou biscoitinho e também usam água no momento da oferta. Por onde você anda vê isso. Em frente de estátuas, nas casas, restaurantes, até mesmo em lojas de rua e em lojas de shopping, inclusive essas ocidentais de surf, tem uma cestinha de folha na porta. Sempre que tomávamos café da manhã a gente via a menina do hotel fazer em frente á uma estátua, jogando água e pondo a cestinha. Inclusive, tinha um templo (pequeno) no andar do nosso quarto.

        Foi um dia muito cheio. Depois do templo, fomos ver a cachoeira Gitgit, a mais bonita cachoeira de Bali... de lá ver uns artistas trabalhando na madeira na Vila Mas (Mas Village)... e puts, não acreditamos nas coisas que eles esculpem. São simplesmente perfeitas e esses caras merecem muito por isso.  Poderíamos ficar o dia inteiro vendo o acervo desses artistas e se impressionar com isso...simplesmente não há palavras pra descrever. Quando eu for rico não posso me esquecer de passar nesse lugar e carregar um monte de coisas.

Cachoeira em

        Ainda paramos numa “florestinha” que é na verdade uma agrofloresta, que fica emTemen Village, pra provar o verdadeiro café de Bali. Lá se cultivam plantas para fabricação de produtos locais. Vimos plantas que não conhecíamos, como a canela, a baunilha, tabaco entre outros. Também provamos dez tipos diferentes de chás e cafés artesanais e conhecemos o Asian Palm Civet, uma espécie de gato herbívoro nativo da Indonésia, famoso bichinho que faz o café Kopi luwak, que é feito dos grãos de café colhidos de sua fezes (ele come os melhores grãos verdes de café) depois de passar pelo seu trato intestinal e pelas suas respectivas enzimas, dando um sabor único, que no mundo á fora é muito reconhecido e caríssimo, chegando a ser mais de 100 reais a xícara de café, dependendo do país.  Esse é um dos cafés mais caros do mundo, mas que nos foi oferecido por apenas 5 dólares a xícara.

Local onde é produzido o café Kopi Luwak

Nosso Guia

Palm Civet

Experimentando cafés e chás

      O almoço foi num restaurante com vista para o Monte Batur, que é um vulcão ativo, e ao seu lado, completando a vista o Lago Batur. Dá até pra ver as marcas de lava da sua última atividade, que foi em 1999.

        Daí começou a chover, mas mesmo assim fomos conhecer o templo Mãe em Besakih (maior templo de Bali) que é do tamanho e importância de Aparecida do Norte. Negócio imenso e assim como no islamismo, que os mulçumanos tem que ir á meca pelo menos uma vez na vida, o balinenses precisam ir no templo mãe para orar e fazer um ritual sagrado. Muito bonito também. Vale lembrar que esse templo tem mais 600 anos.

       O tempo melhorou e fomos ver a dança do fogo que fica no mesmo lugar que vimos a dança Barong de manhã, em Batubulan Village. Como o vulcão fica muito longe de tudo e perdemos muito tempo olhando as esculturas de madeira, a gente se atrasou para a dança do fogo e pegou pela metade. Por isso não tenho muita informação pra dar, a não ser que não tem orquestra: os músicos fazem capela e participam da dança, além de um maluco que ficava sentando numa fogueira pra apaga-la... uahuahuahauh.. 

          De lá fomos jantar num restaurante muuuuuuuuuuuuuuuuuito maneiro. Quando vc chega, é conduzido a uma mesa iluminada á velas na frente de um palco. Eles colocam uma florzinha na sua orelha e trazem uma comida toda enfeitada e gostosa. Enquanto você come, ainda assiste mais um show de dança balinense. É tão maneiro que fiquei viciado nisso que achei muita pena não vender nenhum DVD pra mostrar pra todo mundo ou eu ver quando quisesse. E morro de rir com a Renata imitando... uahuahuahauha. Mas foi dez esse jantar. Pena que não peguei o nome do restaurante pra indicar... mas fica em Sanur.

Aí foi isso. Nos deixaram no hotel já com hora marcada pro dia seguinte. Fiquei super feliz e a Renata também. Um passeio de 12 horas que valeu cada segundo. Com certeza o ponto alto da nossa estadia em Bali. Quantidade de cultura e informação que ingerimos nesse dia não está no gibi. Valeeeeeeeeeuuuuu!!!!!